Filme estrelado pelo Capitão América de Sam Wilson poderia ser algo mais próprio dele mesmo, mas acabou virando um catado de filmes anteriores do MCU.
A trama tenta abordar questões políticas, identidade nacional e o legado do símbolo do Capitão, temas que já vinham sendo explorados com muito mais coragem na série Falcão e o Soldado Invernal. No entanto, no filme, essas discussões são diluídas em meio a subtramas recicladas, participações especiais que mais parecem fan service e um vilão que funciona só até certo ponto.
Anthony Mackie faz o que pode com o que tem. Ele entrega um Sam Wilson comprometido, humano e cheio de conflitos internos. Mas o roteiro muitas vezes o coloca em segundo plano para priorizar conexões com o restante do MCU, como se ainda não confiasse o bastante no peso do novo Capitão para carregar a própria história. Harrison Ford é outro que até tenta entregar um antagonista, mas parece que nem o roteiro do filme sabe como fazer do seu personagem um, então o homem se vira do jeito que dá.
Boa parte da estrutura do filme lembra outros capítulos da saga: há uma ameaça global, uma corrida contra o tempo, e o famoso “terceiro ato destrutivo”, que segue o padrão Marvel que é bacana, é divertido, mas cansa se for usado sempre. Isso não seria um problema se o longa tivesse uma identidade mais clara. No fim, o que deveria ser o nascimento de uma nova fase parece um apanhado de ideias dos filmes anteriores, costuradas sem muito foco.
Por outro lado, Admirável Mundo Novo ainda é um blockbuster divertido. As cenas de ação são bem coreografadas, o visual do novo traje de Sam impressiona, e há momentos emocionantes — principalmente nas interações com personagens secundários. A trilha sonora e o ritmo também ajudam a manter o público engajado, mesmo quando o enredo se perde um pouco.
No saldo final, o filme é bacana. Diverte, emociona em alguns momentos e coloca Sam de vez no centro da franquia, o que é importante. Mas a sensação que fica é de que ele merecia algo mais ousado, mais autêntico, mais... dele. Quem sabe da próxima vez, a Marvel deixe Sam voar sem tanta corda puxando de volta ao passado.
NOTA: 7/10
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