Resenha | Com humor escrachado e momentos de coach, 'Amores À Parte' é tipo uma hilária terapia em grupo

O filme sabe brincar com praticamente todos os temas que aborda, mas mesmo assim, acerta quando tenta usar o drama

(Créditos: Divulgação/ Neon, TeaTime Pictures, Topic Studios, Watch This Ready)

O cinema sempre tenta brincar com clichês amorosos, mas 'Amores À Parte' leva isso para um lugar um pouco diferente: o da “sessão de terapia coletiva disfarçada de comédia romântica”. O filme mistura piadas escrachadas, situações absurdas e até diálogos que soam como frases de coach motivacional — e, surpreendentemente, funciona na maior parte do tempo.

A trama acompanha um dois casais que, após o iminente divórcio de um deles, se veem tendo que lidar com términos, traições e expectativas frustradas sobre o amor moderno. Cada um deles carrega um estereótipo que, em outro filme, poderia soar raso demais. Aqui, no entanto, as interações acabam sendo o motor principal da história, transformando situações ridículas em momentos cômicos que lembram mais um stand-up coletivo do que uma narrativa linear.

O elenco, liderado por Adria Arjona, Dakota Johnson, Michael Angel Covino (que também dirige o filme) e Kyle Marvin, se diverte com esse tom exagerado, e o público vai junto. As piadas são rápidas, diretas e muitas vezes beiram o nonsense — mas escondem verdades incômodas sobre relacionamentos, inseguranças e até sobre como lidamos com a solidão. É nesse contraste entre o escrachado e o reflexivo que o filme encontra sua força.

Claro, nem tudo é perfeito: algumas cenas soam mais como um manual de autoajuda do que como cinema, e o excesso de frases de efeito pode cansar. Ainda assim, o filme tem um carisma próprio, daqueles que fazem você rir e, ao mesmo tempo, pensar sobre sua própria vida amorosa.

No fim, 'Amores À Parte' se beneficia de uma misturada de conceitos e ideias soltas. E é justamente essa mistura caótica que transforma o longa em algo memorável. Ele pode não reinventar a comédia romântica, mas entrega algo que poucas fazem: a sensação de estar rindo de si mesmo enquanto assiste.

Nota final: 7,5/10